Alguns dias atrás, conversava com minha mãe ao telefone sobre como minha vida mudou no último ano, de tudo que abri mão e deixei para trás em busca de felicidade e acima de tudo - de paz comigo mesma, afinal de contas acredito muito que quando não enxergamos propósito no que estamos fazendo e não nos sentimos realizados precisamos buscar algo novo, clarear nossas ideias, lembrar de quem somos de verdade e quais são os nossos princípios.
Essa é uma missão difícil, principalmente quando nossas escolhas vivem expostas e são alvo de criticas e opiniões de outras pessoas o tempo todo. Quando fiz as minhas, não foi diferente, fui bombardeada pela famosa opinião alheia sobre decisões que influenciavam só e somente na minha vida, adicionando preocupações em um momento que a única coisa que eu precisava era apoio.
Alguns acham que me precipitei e até sentiram- se desapontados por eu não ter pedido suas opiniões sobre o que eu estava fazendo, outros acham que eu não deveria ter vendido isso ou aquilo, que trocar o lugar que eu morava antes pelo que eu moro hoje foi uma loucura e há os que pensam que pedir desligamento quando se está trabalhando na sua área de formação é uma péssima decisão.
Nos não vivemos a vida do outro. Não sabemos quais lutas diárias e internas ele passa, o que é bom e o que é ruim no seu trabalho, o que o faz feliz, o seu conceito de valor, quais são seus maiores medos e suas maiores virtudes, não conhecemos o fardo que cada pessoa carrega, quais são os seus sonhos e o que ele planeja para sua vida – às vezes não sabemos nem os nossos planos direito, então, porque insistimos tanto em opinar numa vida que não é nossa?
Um dos nossos maiores pecados é opinar sobre coisas que não somos convidados a opinar, sobre coisas que não são da nossa conta. Falamos sobre o que achamos do relacionamento do outro, de suas roupas e até do segmento de trabalho que ele escolheu. Discutimos sobre o quanto ele gasta por mês comendo fora de casa e até sobre o tamanho do seu apartamento. Opinião é um tema complicado, e sei que dá muita vontade de falar a nossa, mas ela só deve ser exposta caso a pessoa interessada a peça. Sim, eu, você e todo mundo opina demais quando não deve.
O que achamos sobre a vida do outro e atitudes que ele deve ou não tomar é só o que achamos. Nós não precisamos da aprovação alheia, assim como não precisamos julgar os passos de ninguém. É ótimo quando uma pessoa quer dividir sua experiência, o que deu certo, o que deu errado e quais os caminhos ela tomou - e em muitos outros textos escrevi e sigo fiel a essa afirmação: o que é bom para um não é necessariamente bom para o outro.
Por isso, se eu puder te dar um conselho – siga a sua intuição e as suas vontades. Se você quiser e achar prudente escutar as verdades de outras pessoas, escute, mas tenha consciência que é impossível agradar todos e remar a favor de tudo que acham sobre a nossa vida e que fechar nossos ouvidos e usar o bloqueio emocional, nesse mundo de julgamentos, é só uma maneira de cuidarmos de nós mesmos para não nos machucarmos com tudo que nos falam e não carregarmos o peso de uma culpa que não deveria existir.
Afinal de contas, cada um vai calçar os seus sapatos e cuidar dos seus calos durante o seu caminho - repleto de consequências das escolhas que fez um dia.